Projeto na biblioteca iniciou troca de cartões de Natal

Mais de 120 pessoas estão trocando cartões entre si

Um trabalho especial de Natal está sendo realizado em Vargem Grande do Sul, com o objetivo de reviver o antigo costume de trocas de cartões de Natal. O evento foi idealizado pelo psicólogo Guilherme Mareca de Oliveira e pela bibliotecária Silvânia Fernandes da Silva Tater e está sendo realizado com o apoio de Liliane de Fátima da Silva Bossato, bem como outros colaboradores.
À Gazeta de Vargem Grande, Guilherme explicou que a ação faz parte do projeto de biblioconforto ‘Pés no chão, mente no infinito’, que vem acontecendo ao longo deste ano. Em dezembro, a atividade proposta foi a das cartas, que tem sido realizada com o apoio de Silas, um voluntário da biblioteca, Felipe, que atualmente está em situação de vulnerabilidade social e ajudou na confecção das cartas, e também toda a equipe da biblioteca que estão colaborando com o projeto.
Conforme explicou, a ideia da ação de Natal é bem simples. “Os participantes mandam e recebem cartões de Natal. As razões para isso se nutrem dos nossos ideais que guiam o grupo de biblioconforto: as palavras trazem conforto, a cultura é terapêutica, aprendemos a viver melhor quando lemos e escrevemos”, informou.
No total, segundo o informado, mais de 120 pessoas estão participando e as primeiras cartas já começaram a chegar. A ideia da ação surgiu da Silvânia, que é bem ligada com o contato humano de dar lembrancinhas e presentes significativos para as outras pessoas. “E ela pensou em fazermos essa troca de cartões de Natal. Era um hábito que foi perdendo, principalmente com a internet, mas ela disse que é algo muito prazeroso. Achamos super interessante e aceitamos, e agora tem começado o que aparenta ser um movimento autônomo de as pessoas voltarem a trocar cartas”, comentou.
“Temos uma senhora que participa e ela adorou tanto a ideia, que já começou a mandar outro tipo de carta e está querendo criar uma espécie de grupinho de pessoas que trocam cartas entre amigos sobre temas assim. Então, é reviver esse costume da escrita direcionada a outras pessoas, que surgiu essa ideia da troca dos cartões de Natal”, completou.
Neste projeto, chamamos todos que conhecíamos e já estamos com mais de 120 pessoas que quiseram participar, algumas pessoas até da região, porque a Silvânia é de Casa Branca. “Fizemos amizade com a professora Débora do Pedregulho e as crianças que ela dá aula participaram. Elas mandaram os cartões, todos bonitos, confeccionados à mão, para idosos de Piracicaba, que é um contato que a Silvânia tem e conseguimos fazer esse direcionamento. As crianças mandando pros idosos e os idosos mandando de volta pras crianças”, comentou.

O projeto
Guilherme contou que o projeto de biblioconforto ‘Pés no chão, mente no infinito’ foi criado neste ano e tem encontros mensais na Biblioteca Municipal Victor de Lima Barreto. “Em cada um desses encontros o nosso objetivo é permitir que muitas pessoas que estão fazendo um tratamento aqui na saúde mental, e até aqueles que não estão ainda, mas que se interessam, possam conhecer mais sobre a cultura, mais sobre os livros, mais sobre as artes”, disse.
“Então, esse projeto começou com um encontro sobre os livros e as bibliotecas, então a gente fez lá uma apresentação desse tipo. Em seguida, fizemos uma apresentação sobre pinturas, sendo sobre pinturas da época do romantismo e como elas têm um fio histórico que se liga com a criação da psicologia e com a ciência. Em seguida, fizemos um encontro com o tema das poesias, até fizemos ali um lançamento de um livro de poesias de crianças, tivemos poetas da cidade declamando seus poemas”, completou.
Segundo o informado, o penúltimo encontro, que aconteceu em novembro, foi sobre música. “Tivemos lá apresentações de professores do Projeto Guri com algumas turmas deles de viola e violão. E por último, agora em dezembro, o plano foi fazer um encontro virtual mediado por cartas, né? Então, na verdade, a gente vai fazer essas trocas de cartas e de cartão, nesse sentido de procurar um meio da gente se comunicar, da gente se confortar”, explicou.
A ação de Natal foi mediante cadastro prévio, que já se encerrou. No entanto, para participar desses encontros, basta ir no dia dos encontros agendados. O encontro de janeiro, segundo o informado, será sobre cinema e, assim que houver data, será divulgado. “Tem sido muito legal, temos visto cada vez mais pessoas. No penúltimo encontro, lotamos o auditório, o encontro sobre música foi muito interessante”, disse.
Guilherme comentou que todos os participantes e voluntários estão bem contentes. “Trabalhar com saúde mental nesse sentido de promoção de saúde mental, de ampliação dos nossos recursos terapêuticos, dos nossos conhecimentos culturais, tem sido sensacional. E a gente não pretende parar. Gostaríamos de cada vez mais apoio pra gente poder fazer cada vez mais, quem sabe mais pra frente a biblioteca possa cada vez mais ser espaço aí desse tipo de encontro terapêutico cultural”, disse.
O nome do projeto, biblioconforto, foi uma ideia de Silvânia. “Dentro da psicologia temos várias técnicas terapêuticas e até achamos que algumas se adequariam, mas no fim, vimos que é uma novidade. Não conheço outros projetos como esse que procuram desenvolver estratégias de saúde mental, de promoção, de proteção de saúde mental, diretamente na cultura, o que é uma pena. A gente deveria trabalhar muito junto e, então, com a criação desse projeto surgiu esse nome, um nome bem sugestivo, de biblioconforto. É que a cultura é terapêutica, as palavras são fontes de conforto, são fontes de esperança. As artes, no geral, ajudam a gente a viver melhor. Então, é um grupo para a gente conhecer um pouco mais dessas artes”, explicou.

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