por Sérgio Argeu Scacabarrozzi
A participação das mulheres na política, por incrível que pareça, ainda é um fato relativamente novo no Brasil. Somente em 1932 o governo Getúlio Vargas expediu um decreto que concedeu às mulheres o direito ao voto. Mesmo assim, haviam várias restrições, pois somente mulheres casadas, com autorização do marido, ou viúvas e solteiras com renda própria, poderiam votar. Em 1934 essas restrições foram abolidas, mas somente aos homens era obrigatório o voto. Em 1946 essa obrigatoriedade passou a ser estendida às mulheres. Mas a luta pelo voto feminino vinha de muito tempo atrás, desde antes da Proclamação da República, em 1889.
Casa Branca teve a primeira mulher eleita vereadora em 1960: Durva Bacha dos Santos Carvalho, funcionária estadual do Centro de Saúde. Seu mandato foi de 1960 a 1963. Depois disso, Casa Branca levou 20 anos para eleger novamente uma mulher para a Câmara Municipal.
Antes disso, porém, uma mulher foi eleita vice-prefeita de nossa cidade. Foi Conceição David de Souza. Dona Conceição, como era muito conhecida, era professora primária e exercia destacados papéis dentro da Igreja Católica local e na direção da Crechelar, instituição que acolhia crianças e era gerida pela Associação das Damas de Caridade de Casa Branca, onde era a presidente. A Crechelar teve origem no Lar Josefino, criado pelo antigo pároco, Padre Lino José Correr. Antes da sua morte, a Crechelar recebeu o nome da Professora Conceição, em reconhecimento aos muitos anos de dedicação à instituição.
Conceição David de Souza foi a primeira (e única, até agora) mulher a ocupar um cargo no Poder Executivo de Casa Branca. Foi eleita vice-prefeita ao lado do prefeito Carmo Aga, em 1976, com mandato de 6 anos, de 1977 a 1982.
Ao deixar a Prefeitura Municipal, no fim do seu mandato de vice-prefeita, Conceição foi eleita vereadora (a segunda vereadora eleita na história do município), com mandato de mais 6 anos no Legislativo, de 1983 a 1988.
Casa Branca teria novamente uma mulher na política em 1993, com a eleição a vereadora de Márcia Regina Santos de Rezende Alvarenga, popularmente conhecida por Márcia Rezende. Seu mandato foi de 1993 a 1996. Muito atuante e com grande destaque na área de saúde, onde foi assistente social, Márcia Rezende foi reeleita vereadora em 1996, com mandato de 1997 a 2000. Foi a primeira mulher casa-branquense a ser reeleita para um cargo eletivo. Nesse período legislativo a Câmara Municipal contou com 3 vereadoras. Além da reeleita Márcia Rezende, foram eleitas também as vereadoras Geny da Silva Queiroz (popularmente conhecida como Janaína), que exercia a profissão de cabelereira, e Zilda Lopes da Cunha Pistelli, conhecida por Zilda Lopes, também assistente social do estado e da prefeitura municipal. Foi quando Casa Branca teve a maior representatividade feminina na Câmara Municipal. Márcia Rezende voltou à Câmara novamente para um terceiro mandato, de 2001 a 2004, sendo até hoje a única que teve três mandatos consecutivos.
Nas eleições de 2000 foram reeleitas as vereadoras Márcia Rezende, para seu terceiro mandato consecutivo, e Zilda Lopes, para seu segundo mandato. Esse mandato foi de 2001 a 2004.
Na legislatura seguinte, de 2005 a 2008, nenhuma mulher conseguiu ser eleita para a Câmara.
Nas eleições de 2008 as mulheres passaram novamente a ter suas representantes no Legislativo, com a eleição da vereadora Fernanda Malafatti Silva Coelho e Zilda Lopes da Cunha Pistelli (terceiro mandato) para a legislatura de 2009 a 2012.
Na legislatura seguinte, 2013 a 2016, a representante feminina foi a vereadora Daniele Ferreira Silvério Soares, que não foi reeleita para o mandato seguinte.
De 2017 a 2020 a Câmara Municipal novamente deixou de contar com a presença feminina entre os representantes. Na legislatura de 2021 a 2024 foi eleita a vereadora Fabiana Sandoval, que foi reeleita com excelente votação para o seu segundo mandato, que está em curso, de 2025 a 2028. Porém, a vereadora Fabiana Sandoval também conquistou um marco inédito na política casa-branquense ao ser eleita a primeira mulher presidente da Câmara Municipal em 183 anos de história do legislativo.
Ao todo, foram essas as oito mulheres que, nesses 93 anos de participação da mulher na política brasileira, tiveram votos suficientes para ocuparem cargos na política de Casa Branca. Muitas outras se candidataram aos cargos no legislativo (Câmara Municipal) e executivo (Prefeitura Municipal), algumas obtendo inclusive expressiva votação, ao longo das diversas eleições que aconteceram nesse período.
A participação da mulher na política brasileira ainda é muito pequena, em relação à sua importância na sociedade e à sua presença na população. O Brasil conta com aproximadamente 52% de mulheres no total da sua população, e na Câmara Federal, menos de 20% das cadeiras são ocupadas por membros do sexo feminino. Nas eleições municipais de 2024 foram eleitas 15,83% do total de prefeitos e vereadores dos municípios brasileiros.
Embora a legislação tenha permitido e até exigido uma maior participação feminina na vida política, até o momento prevalecem os homens como ocupantes dos cargos. Talvez falte aos partidos políticos um olhar mais atento à candidatura feminina, para que não aconteça o que houve nas últimas eleições, quando muitas mulheres candidatas foram inseridas no processo apenas para cumprimento da lei, sendo que várias não obtiveram um voto sequer.
Mulheres na política em Casa Branca :
Durva Bacha dos Santos Carvalho – vereadora de 1960 a 1963
Conceição David de Souza – vice-prefeita de 1977 a 1982 e vereadora de 1983 a 1988
Márcia Regina Santos de Rezende Alvarenga – vereadora de 1993 a 1996, de 1997 a 2000 e de 2001 a 2004 (a que teve maior número de mandatos até o momento)
Geny da Silva Queiroz – vereadora de 1997 a 2000
Zilda Lopes da Cunha Pistelli – vereadora de 1997 a 2000, de 2001 a 2004 e de 2009 a 2012
Fernanda Malafatti Silva Coelho – vereadora de 2009 a 2012
Daniele Ferreira Silvério Soares – de 2013 a 2016
Fabiana Sandoval – de 2021 a 2024 e de 2025 a 2028 (eleita a primeira mulher presidente do legislativo para o biênio 2025 a 2026)
(do livro A CÂMARA MUNICIPAL DE CASA BRANCA, 2020)