
Neste ano, a Páscoa será comemorada já no próximo domingo, dia 20, celebrando a ressurreição de Jesus Cristo pela comunidade cristã, marcando o fim da Semana Santa. A uma semana da celebração da Páscoa, comemoração que é marcada pela troca de Ovos de Páscoa de chocolate, o que anualmente aquece o comércio, a Gazeta de Vargem Grande apurou que as vendas estão boas na cidade.
Com a chegada da última semana que antecede a Páscoa, a expectativa é que as vendas aumentem, ainda que as principais indústrias de chocolate estejam em crise devido à falta do cacau. Em alguns supermercados, no entanto, pode ser que faltem produtos.
No Supermercado Santa Terezinha, as vendas estão dentro da média. Segundo a proprietária Rosana Bernardes Gutierres, os ovos de páscoa estão com um preço melhor, independente da marca.
Marcos Rogério Sati, proprietário do Supermercado Bella Vista, acredita que as vendas devem se intensificar nos dias que antecedem à Páscoa. Ele pontuou que devido a dificuldade da economia, não houve um aumento fora do normal.
No local, contudo, a espera é que as vendas de Páscoa fiquem em saldo positivo. “Nós estamos esperando uma venda agradável, devido à diversificação de produto”, explicou.
Segundo Marcos, a procura por ovos de Páscoa, barras de chocolates e caixas de bombons prevalece no Supermercado Bella Vista.
Procura antecipada
A Gazeta de Vargem Grande também entrevistou Guilherme Ferri e Richard Ferri, do Supermercado Estrela para saber como estão as vendas de Páscoa. “As vendas de ovos este ano, até agora, foram surpreendentes. A procura antecipada está melhor que a dos outros anos. O reflexo se vê nos expositores que já estão com marcas esgotadas. Está sendo até inesperado!”, ressaltaram.
Com relação aos preços este ano, segundo o informado, o aumento foi menor do que os registrados entre 2023 e 2024. “Mas, mesmo assim, estão próximos dos 10%, reflexo da inflação que o país enfrenta”, explicaram.
Ao jornal, eles pontuaram que o que se percebe é que o público se antecipou para conseguir ovos. “Os ovos de tamanhos maiores, por incrível que pareça, foram os de melhor venda. Mas as marcas tradicionais seguem forte seu papel na decisão do consumidor”, disseram.
Guilherme e Richard comentaram sobre as novidades que os clientes podem encontrar no Supermercado Estrela. “Uma linha mais premium de marcas apontou como novidade de destaque que agradou os consumidores. Ovos da Lindt e Milka tiveram pedidos de reposições feitas e até reserva. Há também vários ovos Ferrero já encomendados para a data”, completaram.
Alta do cacau
O principal motivo para que os tradicionais produtos de Páscoa estejam um pouco mais caros em 2025 é a disparada no preço do cacau no mercado internacional, que triplicou nos últimos anos em razão da escassez global da matéria-prima. A elevação reflete os impactos climáticos nos principais países produtores e tem efeito direto sobre os custos da indústria chocolateira, inclusive no Brasil.
Desde março de 2023, a cotação do cacau na Bolsa de Nova York subiu cerca de 180%, saltando de aproximadamente US$ 2.900 para mais de US$ 8.000 por tonelada na última semana. O pico, registrado em dezembro de 2024, chegou a US$ 12.565, justamente no período em que os fabricantes adquirem insumos para a produção de ovos de Páscoa e outros itens.
A valorização é impulsionada pela queda na oferta da commodity, especialmente em Gana e na Costa do Marfim, países que juntos respondem por cerca de 70% da produção mundial. A atividade tem sido prejudicada por secas prolongadas e pela falta de investimentos em renovação de plantações, tornando a cultura mais vulnerável a pragas e doenças.
Impacto no brasil
Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o Brasil é diretamente afetado por esse cenário. A produção nacional gira em torno de 190 mil a 200 mil toneladas por ano, enquanto a demanda da indústria moageira varia entre 230 mil e 240 mil toneladas. Essa diferença precisa ser suprida por importações, sobretudo da África.
O déficit na produção brasileira foi agravado em 2024. A AIPC aponta uma queda de 18,5% no recebimento de amêndoas, passando de 220.303 toneladas em 2023 para 179.431 toneladas em 2024. A moagem, por sua vez, recuou 9,5%, com retrações significativas nos dois últimos trimestres do ano. Para a entidade, esse movimento indica uma possível redução na demanda por derivados do cacau, em função do aumento nos custos da matéria-prima.
Menos Oferta
A redução da oferta e os custos mais altos já impactam o mercado de produtos típicos da Páscoa. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima a produção de 45 milhões de ovos de chocolate para este ano — uma queda de 22,4% em comparação com 2024.
Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o preço dos chocolates subiu mais de 27% no último ano. Os bombons tiveram alta de 13,5%, enquanto os ovos de Páscoa ficaram 9,5% mais caros.
Indústria aposta em alternativas
Para conter os efeitos da alta do cacau, o setor tem buscado alternativas. Conforme a AIPC, parte da indústria tem investido no uso de outras matérias-primas ou em inovações de produtos. As exportações de derivados cresceram 6,2% em 2024, totalizando 50.257 toneladas. Além disso, foram lançados 803 novos itens nos três primeiros meses do ano — sem contar os ovos de Páscoa — frente a 611 no mesmo período do ano anterior.
A expectativa é que, mesmo com a criatividade do setor, o consumidor sinta no bolso os efeitos da crise do cacau nesta Páscoa.
Movimentação de R$ 5,3 bilhões é esperada
A Páscoa deste ano deve movimentar R$ 5,3 bilhões em todo o país, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), realizado em parceria com o Instituto Datafolha. O valor representa um crescimento de 26,8% em relação à Páscoa de 2024.
A pesquisa foi realizada em março de 2025, com cerca de 2 mil pessoas de todas as regiões do Brasil. Os entrevistados incluem homens e mulheres, de diferentes faixas etárias (a partir dos 18 anos) e pertencentes a todas as classes socioeconômicas.
O estudo mostra que 67% dos brasileiros pretendem comprar chocolates ou outros itens relacionados à data, com um gasto médio estimado em R$ 146 por consumidor. No ano anterior, o ticket médio foi de R$ 156.
O ovo de Páscoa continua sendo o produto mais procurado, mencionado por 64% dos entrevistados. Na sequência, aparecem bombons, caixas de bombons e trufas (36%), além de barras de chocolate (34%). Outros itens como brinquedos e cestas de Páscoa foram citados por 2% dos consumidores, enquanto roupas aparecem com 1% das intenções de compra.
Compras em lojas físicas predominam
A preferência por lojas físicas permanece alta: 91% dos entrevistados afirmaram que pretendem fazer suas compras presencialmente. Apenas 9% declararam intenção de comprar pela internet, proporção semelhante à registrada no ano passado.
A maioria das compras será realizada em estabelecimentos comerciais (78%), enquanto 26% pretendem adquirir produtos de vendedores autônomos. O perfil de preferência por compras presenciais é semelhante entre homens (92%) e mulheres (91%), e se repete em todas as classes sociais – A/B e C (90%) e D/E (94%).
Entre os diferentes grupos etários, o público com mais de 60 anos é o mais inclinado a comprar em lojas físicas (96%). Já os consumidores entre 25 e 34 anos são os que mais consideram alternativas, com 89% optando pelo comércio presencial.
Gasto médio varia por região
O valor médio de gasto mais elevado foi registrado nas regiões Sul (R$ 178), Centro-Oeste (R$ 169) e Sudeste (R$ 158), todas acima da média nacional. Nessas áreas, a expectativa de movimentação é de R$ 984 milhões, R$ 501 milhões e R$ 2,3 bilhões, respectivamente.
Na outra ponta, o Nordeste apresenta média de gasto de R$ 109 e movimentação prevista de R$ 1 bilhão. A região Norte tem o menor ticket médio (R$ 108) e deve movimentar R$ 414 milhões.
Homens pretendem gastar, em média, R$ 154, valor superior ao das mulheres. Jovens entre 18 e 24 anos aparecem com maior intenção de gasto (R$ 157), assim como consumidores das classes A/B, cuja média chega a R$ 182.
Formas de pagamento
O cartão de crédito ou débito é o principal meio de pagamento indicado pelos consumidores (42%), seguido de dinheiro (43%) e Pix (39%). Cerca de 45% dos entrevistados afirmaram que pretendem parcelar suas compras com cartão de crédito ou cartões de loja.
As regiões Sudeste (53%) e Sul (47%) lideram o uso de cartões como forma de pagamento. Entre as classes A/B, o índice sobe para 58%. O parcelamento é mais comum entre as mulheres (49%) do que entre os homens (38%), e entre pessoas com mais de 60 anos (57%).
Fotos: Arquivo Pessoal