Neste sábado, dia 24, os médicos cubanos que atuam em Vargem Grande do Sul pelo Programa Mais Médicos começam a deixar o município e retornam para seu país. Atualmente, seis, dois oito médicos que trabalham na cidade nesta parceria com o governo Federal são de Cuba: Vida Lissette Garcia Hernandez, Milene Medina Gonzalez, Nemesis Fernandez Burgos, Yudmila Rosales Sanchez, Yosnel Alba Verdecia e Nancy Gabina Guzman Oliva, que atendiam a população vargengrandense nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O governo de Cuba decidiu há algumas semanas deixar o programa Mais Médicos após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ter afirmado que condicionaria a continuidade da parceria à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos e a liberdade para trazerem suas famílias causou grande apreensão. O governo de Cuba informou que decidiu sair do programa citando “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil.
O Ministério da Saúde se reuniu com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para a definição da saída dos médicos cubanos e entrada dos profissionais brasileiros que serão selecionados por edital. A proposta de edital visa selecionar profissionais para as 8.332 vagas que serão deixadas pelos médicos cubanos. A seleção de profissionais brasileiros já está sendo realizada e o comparecimento aos municípios será imediatamente após a seleção.
Vargem Grande do Sul aderiu ao Mais Médicos na gestão de Celso Itaroti (PTB) e recebeu oito profissionais do programa vindos de Cuba, que passaram a atender nas unidades básicas de saúde do município. Amarildo Duzi Moraes (PSDB) deu continuidade à parceria e ainda solicitou a vinda de mais profissionais para Vargem em 2017.
No entanto, com a decisão do governo de Cuba, os médicos que estavam em Vargem já estão retornando. Segundo o informado pela prefeitura, três deles embarcam neste sábado, dia 24 e os outros três viajam no dia 10 de dezembro, em voos marcados pela Opas.
Vargem
O prefeito Amarildo lamentou em sua página no Facebook, o rompimento do contrato do Mais Médicos pelo governo do atual presidente Miguel Díaz-Canel. “Lamentavelmente, os médicos cubanos foram obrigados a suspender os atendimentos à população”, disse.
“Inclusive estão tomando as providências necessárias para acertar esse contrato com os médicos cubanos. Mas só para terem uma ideia, como não houve aviso prévio, o município sequer foi informado pelo Ministério da Saúde que isso aconteceria, portanto isso não aconteceu apenas em Vargem Grande, mas no Brasil todo”, comentou Amarildo.
O prefeito lembrou ainda que o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, já abriu novas inscrições para médicos, dessa vez para profissionais formados no Brasil. “Nós temos seis vagas para Vargem Grande do Sul para médicos nessas condições. É claro que, da forma que ocorreu, mesmo se a prefeitura corresse atrás, não seria possível recompor esses médicos com essa urgência”, ponderou. O prefeito avalia que até a primeira semana de dezembro, essas vagas em Vargem estarão preenchidas.
Agradecimento
Na tarde da quinta-feira, dia 22, Amarildo convidou os profissionais cubanos ao gabinete. Os médicos Milene, Yudmila, Vida e Yosnel foram recebidos pelo prefeito e diretores da prefeitura, para uma homenagem e agradecimento pela dedicação à população vargengrandense. Nanci e Nemesis não puderam comparecer.
Lembrou Amarildo que estes médicos cubanos realizavam cerca de 30 consultas por dia cada um, ou seja, eram responsáveis em média, por 180 atendimentos diários na cidade. Durante a reunião, Amarildo agradeceu a cada um dos profissionais e lamentou mais uma vez a decisão do governo de Cuba. “Nunca chegou a nós uma única reclamação sobre o atendimento de vocês. Muito pelo contrário, eram somente elogios”, ressaltou. “Agradeço em nome de toda a população. Lamentamos a forma repentina como isso aconteceu e gostaríamos que vocês continuassem aqui”, disse. “Vocês contribuíram de maneira significativa para a Saúde do nosso município e para nós, o trabalho de vocês vai fazer muita falta”, afirmou.
Bastante emocionada, a médica Yudmila agradeceu ao prefeito e também à diretora de Saúde, Maria Helena Zan, por todo apoio. Também comentou que sentirá muita falta da população que sempre foi bastante carinhosa com os médicos. “Agradecemos o acolhimento, o carinho e o amor”, falou. “Gostamos muito daqui e vamos levar um pedacinho do Brasil conosco. Foi uma experiência inesquecível”, disse.
População
Os pacientes da rede municipal de Saúde também lamentaram a saída destes profissionais da cidade. “Gosto muito da médica cubana que me atendia. Ela é muito boa e muito atenciosa. Conseguia entender o que ela dizia sem problemas. Meu marido também ia nela e também entendia bem”, disse Maria José da Silveira, de 64 anos.
“Já fui atendida várias vezes e minha família também. Não tive dificuldade nenhuma, nem mesmo para entender. Para mim, eles foram ótimos, não tenho nada contra nenhum deles, inclusive, tenho muito a favor”, Mara Sueli Gonçalves, de 49 anos.