Pe. Paulo Roberto Valim Santos, pároco de Sant’Ana
Que alegria! Enquanto a natureza experimenta a aridez e o frio do inverno, julho traz consigo uma quente brisa para nossa cidade, que fecunda e faz florescer nas entranhas de todo vargengrandense uma primavera de flores e frutos, que brotam em abundância no canteiro da gratidão, aquecem o coração do medo e da indiferença, pois tem suas raízes na terra boa que é a “esperança que não decepciona” (Rom. 5,5)
É chegada a Romaria! Toda mulher, todo homem de fé sabe que, como nos diz o apóstolo Paulo, “enquanto habitarmos neste corpo, somos romeiros, peregrinos, a caminho do Senhor” (2 Cor 5,6s), pois ainda não estamos na Pátria, mas a caminho dela… por isso cada romaria, vem como uma trombeta, acordar-nos da tentação do sono do pecado, a que estamos expostos constantemente: vencer o medo que temos da morte, assegurando nossa vida nas pessoas, nos bens materiais, nos nossos projetos… como se eles pudessem nos dar a vida eterna. Iluminado pela palavra de Deus, somos convocados a contemplar na romaria, a real condição de todo ser humano: estamos a caminho, não temos aqui morada definitiva, somos cidadãos do céu, de lá viemos e para lá voltamos… lá estão nossa verdadeira riqueza, que o ladrão não pode roubar e o caruncho destruir e também nossas ânsias profundas! Ela também nos convida a agradecer todos os dons da criação, reconhecendo em cada um deles a perfeição d’Aquele que as criou; cuidar do planeta, nossa casa comum, como nos conclama o Papa Francisco, em sua Carta Encíclica, LAUDATO SI’. Faz-nos ainda reconhecer nas clamorosas desigualdades sociais, nossa igual condição, pois a morte é o maior ato de justiça, todos passaremos por ela, pequenos e grandes, ricos e pobres … e “todos (sem exceção!) deveremos comparecer perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba o que mereceu por tudo aquilo que fez durante a vida, quer de bem, quer de mal” (2 Cor 5,10). A romaria explicita ainda, nossa grande vocação: nos ajudarmos mutuamente como irmãos neste peregrinar! A fé é a grande luz que nos ilumina neste certame que nos é proposto, a fim de que a noite das dificuldades e da nossa fraqueza pessoal, não nos façam perder o rumo, a meta, e o sentido da nossa existência.
Acima de tudo, nossa festa celebra a bênção maior, a graça de nossa salvação, pois Deus, em sua insondável sabedoria, olhando para o seio frio e estéril de Ana, escolhe “o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte, o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, para reduzir a nada o que é” (1 Cor 1,27s) e a visita concedendo-lhe a graça de conceber a mais linda flor que a humanidade conheceu, aquela que tornar-se-ia a mãe do Divino Salvador, Jesus Cristo, nosso único e suficiente Salvador! Tudo isso para e assim manifestar sua glória.
Toda essa gratidão, somadas às graças pessoais que cada um tem recebido de Jesus Cristo pela intercessão de Sant’Ana e da bem-aventurada Virgem Maria, queremos este ano agradecer. Venham todos, romeiros(as), participemos, com um só coração, da 45ª Romaria dos Cavaleiros(as) de Sant’ Ana!