Vargem está preparada para a chegada do coronavírus?

O diretor clínico Valdir Cheavegati Júnior disse que o momento é de prudência e não pânico

A reportagem da Gazeta de Vargem Grande procurou as autoridades do município responsáveis pelo controle de epidemias e também o Hospital de Caridade para saber se a cidade está preparada para a chegada do coronavírus, caso ele venha a se manifestar entre os moradores locais. Também perguntou o que está sendo feito para combater a doença que já virou pandemia declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e se espalha pelo Brasil através de transmissão direta entre pessoas contaminadas, isto é, que não vieram de outros países onde a doença se fazia presente.

 

Segundo dados publicados pelo jornal Folha de São Paulo na quinta-feira, dia 12 de março, quando este texto foi concluído, havia subido para 77 o número de casos confirmados do novo coronavírus no país e 1.422 casos estavam em investigação. Já reportagem de ontem do jornal O Globo dizia que passavam de 100 casos confirmados da doença no Brasil.

Uma análise publicada pelo Instituto Pensi, centro de pesquisa em pediatria do Hospital Sabará (SP), apontou que a partir do momento em que o Brasil tiver 50 casos confirmados de coronavírus, o país poderá chegar a mais de 4.000 casos em 15 dias e cerca de 30 mil casos em 21 dias.

Segundo reportagens publicadas, em mais de dois meses de evolução desde que se iniciou na China, o coronavírus já infectou mais de 100 mil pessoas em todos os continentes e matou mais de 4.000 pessoas, estando em franca expansão agora em outros países fora da China, como Irã, Coreia do Sul, Itália, Alemanha, Estados Unidos e também no Brasil.

O cenário e os riscos da doença exigem uma cooperação muito grande entre os responsáveis pela saúde municipal, com respostas rápidas e coordenadas tanto do sistema público, como também do privado para fazer frente à doença.

Em entrevista ao jornal Gazeta de Vargem Grande, o diretor clínico do Hospital de Caridade, médico Valdir Cheavegati Júnior, citando o informe da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), disse que “o momento da epidemia no Brasil é de prudência, não de pânico”. Citou também que uma pessoa contaminada pela COVID-19, como a doença é chamada, transmite o vírus em média, para 2,74 pessoas. Para a SBI,  as medidas preventivas mais eficazes para reduzir a capacidade de contágio do novo coronavírus são: “etiqueta respiratória- que é ao tossir e espirrar, não usar as mãos, usar lenço ou na falta do mesmo, usar a parte interna do braço”, higienização com água e sabão ou álcool gel a 70%, identificação e isolamento respiratório dos acometidos pela COVID-19 e uso dos equipamentos de proteção individual pelos profissionais de saúde.

 

Diretora de Saúde fala a respeito da epidemia

Maria Helena Zan pede que toda a população contribua no combate ao coronavírus

Para a diretora municipal de Saúde Maria Helena Zan, a rede de saúde do município conta com uma boa estrutura e experiência no trato de algumas doenças epidêmicas como a gripe H1N1, a dengue, a febre amarela e que tudo vai depender da evolução da coronavírus em Vargem quando aparecerem os primeiros infectados.

Ela disse que está muito preocupada com a situação, mas o momento é de precaução, de prevenção e pede que toda a população ajude, acompanhando os procedimentos e cuidados que todos devem ter quanto à higienização que estão sendo divulgados por todos os meios de comunicação.

Durante a conversa realizada no hospital, estavam também presentes o provedor Wagner Cipola e o diretor administrativo Assis Mazuco Manoel. A diretora explicou que hoje o Hospital de Caridade conta com 50 leitos, atendendo várias especialidades e que há uma equipe médica e também uma equipe de enfermagem, auxiliares e técnicos com formação e capacidade para enfrentar a doença caso ela tome um vulto maior.

Também disse que foram reforçadas as compras de insumos e materiais como máscaras, luvas, aventais para fazer frente à disseminação da doença, tanto no hospital como na rede pública.

Nos casos mais graves que exigirem internações pelo agravamento do quadro respiratório, o hospital dispõe de cinco respiradores de oxigênio. Explicou que se houver necessidade de transferência para uma UTI, o paciente será inserido na Central de Regulação do Estado, buscando vagas em cidades que possuem esta unidade. O município possui ainda uma ambulância UTI para possíveis casos de urgência e conta também com o Serviço do SAMU 24h.

O hospital ainda poderá lançar mão de mais cinco leitos, que hoje são usados nas salas de recuperação pós anestésicos e no caso de haver um aumento exponencial da doença, a diretora de Saúde afirmou que o plano consistirá em suspender as cirurgias eletivas ou de menor risco, desocupando leitos e atendendo somente os casos emergenciais.

 

Reuniões

Segundo a diretora, para a semana que vem está agendada uma reunião com o médico infectologista responsável pela Vigilância Epidemiológica do município, dr. Marcelo Galotti, juntamente com os médicos da rede, a equipe de enfermagem, os auxiliares e técnicos para tratarem do assunto coronavírus e como proceder em Vargem Grande do Sul.

Explicou Maria Helena Zan que uma vez detectado um paciente com o COVID-19, a Vigilância é acionada e é feita a notificação compulsória para a equipe da Vigilância Epidemiológica.

A partir desta situação, o profissional segue o protocolo do Ministério da Saúde, acionando o infectologista e são tomadas todas as precauções necessárias quanto ao isolamento do paciente, se o caso for leve ou moderado, sendo o mesmo encaminhado para sua casa, mantido em observância, repouso e quarentena, conforme prescrição médica.

A equipe multidisciplinar do serviço de saúde e também a epidemiológica, instruirão as famílias de como proceder nestes casos.

A diretora alertou que as pessoas devem colaborar, que apesar de toda a estrutura que o município tem, hoje ela trabalha nos limites e que só procurem a rede de saúde e também o hospital, em caso de necessidade, evitando sobrecarregar o sistema que deverá estar pronto para atender realmente quem estiver com a saúde debilitada, principalmente os idosos.

 

Casos leves

O diretor clínico Valdir Cheavegati Júnior disse que o momento é de prudência e não pânico

O diretor clínico, dr. Valdir Cheavegati Júnior disse que conforme informou a Sociedade Brasileira de Infectologia, aproximadamente 80 a 85% dos casos são leves e não necessitam hospitalização, devendo permanecer em isolamento respiratório domiciliar; 15% necessitam de internamento hospitalar fora da unidade de terapia intensiva (UTI) e menos de 5% precisam de suporte intensivo.

Segundo as informações, os primeiros 3 a 5 dias de início dos sintomas são os de maior transmissibilidade, por isso, casos suspeitos devem ficar em isolamento respiratório, desde o primeiro dia de sintomas, até serem descartados. Também que neste momento da epidemia no Brasil, não está recomendando fechar escolas ou faculdades ou escritórios.

Finalizou explicando que conforme a evolução da epidemia, o município poderá tomar uma atitude, pois ela é muito dinâmica. Enquanto puder identificar os pacientes que transmitem o vírus, geralmente parentes ou pessoas de convívio social próximos, é uma situação.Mas quando a transmissão se torna comunitária, com os números aumentando exponencialmente e perde-se a capacidade de identificar a fonte ou pessoa transmissora, outras atitudes devem ser tomadas.

Nos países onde isso aconteceu, houve fechamento de escolas, interrupção de eventos coletivos, como jogos de futebol e cultos religiosos, fechamentos de bares e boates, dentre outras medidas. Alerta ainda o informe que o dr. Valdir disponibilizou ao jornal, que somente as ações em conjunto da sociedade civil, agentes públicos e profissionais da saúde poderão enfrentar a epidemia com sucesso, diminuindo a mortalidade principalmente entre os idosos, mitigando as consequências sociais e econômicas.

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