Coronavírus já está matando em municípios da região

Na segunda-feira, dia 6, muita gente se aglomerou na lotérica da Rua do Comércio. Foto: Arquivo Pessoal

Embora pareça um tanto quanto distante deste fato vir a acontecer em Vargem Grande do Sul, com centenas de casos confirmados nas cidades da região, as primeiras vítimas fatais do Covid-19 já começam a aparecer e nos próximos meses, se a população não se precaver, poderá se tornar uma realidade também no município.
Em Itapira, foram confirmadas duas mortes pelo Covid-19 e o prefeito José Natalino Paganini Nascimento (PSDB) chegou a decretar toque de recolher na cidade, mas medida foi contestada na Justiça e suspensa.
Em Vargem Grande do Sul, com sete casos notificados e 18 sendo monitorados, a população que há alguns dias atrás estava muito mais mobilizada para o isolamento social, parece que nos últimos dias resolveu abandonar a quarentena e sair de casa.
Nesta semana, a reportagem da Gazeta de Vargem Grande flagrou centenas de pessoas nas ruas, com enormes filas nos bancos e lotéricas da cidade para receber ou fazer pagamentos, a grande maioria sem o uso de máscaras e não respeitando o distanciamento de 1,5 metro em filas. Medidas essenciais para conter a disseminação da doença na cidade e que já está matando pessoas na região. O problema foi tamanho, que o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) se reuniu com representantes de lotéricas e supermercados, pedindo apoio nas medidas de prevenção.

Perigo

Vargem está em um eixo ligando duas grandes cidades como Campinas e Ribeirão Preto, onde ocorrem quase uma centena de notificações e mais de uma dezena de mortes, sem falar em cidades como São Carlos, Poços de Caldas, São João da Boa Vista, onde o trânsito de vargengrandenses por vários motivos é intenso e são cidades onde a transmissão do coronavírus já pode estar na fase de transmissão comunitária, não sabendo a origem do paciente que a transmitiu por ser a doença assintomática.
Em São João, são 171 pessoas em monitoramento domiciliar e quatro casos confirmados da doença, sendo três deles internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A falsa sensação de segurança que pode ter acometido os vargengrandenses, uma vez que não há ainda nenhum caso confirmado na cidade, pode ter levado ao relaxamento do isolamento que é obrigatório por força do decreto do governo do Estado.
Estima-se que o pico da doença, quando ela deverá se manifestar com maior intensidade no Estado de São Paulo, deva acontecer entre meados de abril e início de maio, sendo estimado sua duração entre quatro a cinco meses desde que iniciou, para só depois começar o relaxamento da quarentena, que foi ampliada até o dia 22 de abril, mas que poderá ser estendida a depender do desenvolvimento da Covid-19 no estado.

Estimativas

Conforme matéria publicada anteriormente na Gazeta de Vargem Grande, a região do Departamento Regional de Saúde (DRS) 14, de São João da Boa Vista, da qual Vargem Grande do Sul faz parte, pode vir a ter 8.030 casos de coronavírus, sendo que destes, 1.606 serão em pacientes com casos complexos e 80 com necessidades de internação em UTI.
Com base nas estimativas fornecidas pela DRS-14 com relação ao número de possíveis infectados no desenrolar da epidemia do coronavírus, que é de 8 mil numa população de 834 mil pessoas que moram na região de São João da Boa Vista, o que daria algo em torno de 1%, se for aplicada a mesma porcentagem na população de Vargem Grande do Sul, que é de aproximadamente 42.800 pessoas, tería-se um universo de possíveis infectados na ordem de 428 casos na cidade.
Seguindo o mesmo raciocínio, se haverá 1.606 casos complexos entre os pacientes na região, cujo universo de pessoas adoentadas seria de 8 mil pacientes, o que daria em torno de 2%, se for aplicado para os possíveis contaminados em Vargem, que seria em torno de 428 pessoas, os vargengrandenses que iriam precisar de um atendimento mais complexo seriam em torno de 85 pacientes, sendo que destes, provavelmente haverá muitos casos fatais.

Equipamentos

Vargem contava até recentemente com somente cinco aparelhos mecânicos para respiração, sendo que com a ajuda da prefeitura municipal o Hospital de Caridade adquiriu três novos equipamentos, mas apenas um tinha sido entregue e a entidade aguardava a chegada dos outros dois. Mas se a situação extrapolar, ela pode se agravar, visto que a falta de leitos de UTI é um problema sério em toda região.
Todos estes números são estimados com base nos dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde, através do DRS-14, da qual Vargem Grande do Sul faz parte. Mas, cada município vai reagir de uma maneira no combate à epidemia e os números para a região de São João da Boa Vista tanto podem estar subestimados, podendo ser muito maior do que o projetado, como também poderá haver um trabalho de conscientização e também uma atuação mais eficaz dos prefeitos e cidadãos para a gravidade da situação, fazendo o recolhimento necessário para que não se chegue a tal proporção o número de pessoas que vão contrair a doença.

Prevenção

Para evitar uma tragédia como a que está acontecendo em vários países da Europa e também nos Estados Unidos, a prefeitura, a Polícia Militar e demais órgãos fiscalizadores deveriam intensificar a averiguação dessas irregularidades e insistir em alertas à população. O uso de carros de som pedindo o isolamento social, o distanciamento entre as pessoas e o uso de máscaras é uma medida que tem sido adotada em várias cidades, como o que já está acontecendo em Itapira. Em Vargem, essa estratégia começou a ser empregada na quinta-feira, dia 9.
É compreensível que as pessoas precisem ir às agências, receber seus pagamentos, quitar suas contas. Mas para isso, devem ser adotadas todas as medidas de precaução. O novo coronavírus não vai demorar a vitimar pessoas em Vargem Grande do Sul e caso as pessoas não preservem sua saúde e não cuidem dos idosos e pessoas que fazem parte dos grupos de risco, o sistema de saúde da cidade pode não dar conta da quantidade de pacientes. Não se pode descuidar da prevenção. O novo coronavírus provoca uma doença grave, que mata.

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