Era a década de 70, o rádio estava no auge, quando predominava ainda a música sertaneja raiz, Vargem Grande do Sul tinha seu grande locutor, com um timbre de voz que o tornava conhecido não só no município, como também nas áreas rurais da região onde penetrava a audiência do programa Amanhecer de Minha Terra, transmitido pela Rádio Cultura ZYK 680 – 1490 KHz, de propriedade de Rudney Fracaro, na época.
Dono de vários bordões, como o inesquecível “não tem importância não”, José Costa Soares, mais conhecido como Zé da Rádio, deixou muitas saudades ao falecer aos 89 anos e uma legião de admiradores e por que não, de fãs de uma época que as brumas do tempo vão envolvendo e se tornando doces recordações.
A música sertaneja começou no final dos anos 20 do século passado, pelas mãos de seu criador, o jornalista, escritor e folclorista Cornélio Pires, ao gravar em 1928 em discos de 78 Rpm, várias músicas caipiras. No final da década de 50, Zé da Rádio com pouco mais de 20 anos de idade, já tinha seu programa na Rádio Cultura, onde permaneceu, segundo a família, trabalhando por cerca de 60 anos até se aposentar por volta de 2014.
Nos anos 50, os estúdios da Rádio Cultura funcionavam atrás das telas do antigo Cine Glória, onde hoje é a loja de materiais de construção Gol, localizada na Rua José Bonifácio.
Na entrevista que concedeu ao jornal Gazeta de Vargem Grande, o ex-prefeito José Reinaldo Martins, que também é locutor e trabalhou durante muitos anos com Zé da Rádio, o descreve como dono de uma voz muito boa, personalíssima, com um timbre que o tornava reconhecido por todos que ouviam a rádio na época.
“Foi um dos melhores locutores sertanejos de Vargem e região, tinha uma excelente comunicação, aliada a uma dicção muito boa e criador de bordões populares que o tornavam muito simpático e querido do público, com uma audiência grande, principalmente na zona rural”, afirmou José Reinaldo.
O médico Paulo Cossi, em sua juventude, também trabalhou com Zé da Rádio, por quem tinha um carinho muito grande. Em entrevista à Gazeta, ele se recordou do companheirismo e se despediu do seu “mestre”. “Caros amigos. Estes dias de tempos difíceis e de tanta dor no coração, mais uma notícia me fez doer lá no fundo da minha alma. A partida do meu mestre da Rádio Cultura, o meu amigo José Costa Soares, o ‘Zé Passarinho’ como carinhosamente era conhecido por todos nós vargengrandenses. Quantas ‘técnicas’ à 6h da manhã e aos domingos ao meio-dia. Ele sempre feliz. Adorava o que fazia. Meu amigo, descanse na Paz do Nosso Senhor Jesus Cristo”, disse.
Fotos: Arquivo Pessoal / Gazeta