Greve da Dedini foi um marco na luta dos trabalhadores

Em 1990, Gazeta acompanhou de perto os desdobramentos do movimento grevista. Foto: Reprodução Gazeta

Outra greve importante, que inclusive ganhou as manchetes do jornal Gazeta de Vargem Grande, ocorreu em 1990, quando os cortadores de cana da antiga Usina São João do Grupo Dedini paralisaram seus trabalhos.
Na edição do dia 2 de junho de 1990, a manchete do jornal era “Greve dos cortadores de cana da Dedini”. Segundo a matéria, os cortadores de cana reunidos em assembleia no Campo do Paulistinha, no Jardim Paulista, mais uma vez recusaram a proposta da diretoria da Dedini que ofereceu 15% de adicional retroativos a 1º de maio, mais o pagamento dos dias atrasados.
Lideravam os cerca de 900 cortadores, os trabalhadores Antônio dos Santos Balbino Filho (Toninho) e Luís Carlos Parca (Branco) e tinham o apoio nas negociações que foram feitas junto à diretoria da empresa, dos padres Décio Ravagnani e João Luiz Majarro, do prefeito Rossi, do então presidente da Câmara Celso Ribeiro, vereadores dona Zinha, Neide Castilho, Romualdo Menossi, Adãozinho, Tadeu Ligabue, do vereador do PT, Luís Fernando Teixeira de Casa Branca e da Gazeta de Vargem Grande.
O movimento de greve teve início no sábado, do dia 29 de maio daquele ano, quando os cortadores receberam os pagamentos e protestaram contra os baixos valores percebidos. Eram os tempos do Plano Collor que confiscou a poupança de todos os brasileiros e a situação econômica do país estava péssima, impondo grande sofrimento à classe trabalhadora.
Pela empresa, quem negociava era o engenheiro agrícola Dalcides Marengo e depois de tensas discussões sentaram-se à mesa e como não se chegou a nenhum acordo, os grevistas continuaram em assembleia no campo do Paulistinha. Outro diretor da empresa foi chamado, Waldir Serra e as negociações não prosperaram, com a usina irredutível em pagar 15% de adicional, contra os 35% originalmente pedido pelos cortadores, que depois chegou a 25%.
Os trabalhadores decidiram continuar com a greve e também os funcionários internos da empresa decidiam se continuariam ou não com a greve, num movimento independente dos da lavoura. Em assembleia realizada no dia 30 de maio, uma quarta-feira, os cortadores decidiram pelo fim da greve e aceitaram os 15%, com a empresa pagando os dias parados, de 21 a 27 de maio e garantia do emprego dos trabalhadores que participaram da greve.
Também foram conquistadas várias garantias trabalhistas pelo movimento, como: paralisação do trabalho aos sábados, às 11h; paralisação dos trabalhos durante a semana às 17h; posição do corte para onde a cana cair, facilitando o trabalho dos cortadores e não da máquina carregadeira; averiguação pelo Suds das condições de insalubridade e periculosidade da lavoura; assistência médica estendida a toda a família; aferição das balanças; uniformes e sapatões de segurança gratuito para todos; a garantia do não fechamento da farmácia e do supermercado da Dedini que foi sugerido pela diretoria como forma de pressão, segundo os trabalhadores na época.
Dentre as muitas lições da greve, segundo os principais líderes dos cortadores de cana e os políticos locais, é que deveria ser criado um sindicato dos trabalhadores rurais de Vargem Grande do Sul.

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