Duas doenças perigosas para a população estão voltando à tona. O estado de São Paulo investiga 25 casos suspeitos de sarampo e, devido à falta de vacinação da população, a poliomielite está voltando a acometer pessoas em países onde há anos não havia nenhum caso registrado.
Se confirmadas as suspeitas de sarampo no estado, as contaminações são autóctones, ou seja, quando a pessoa contrai o vírus no próprio território e não em viagem. Neste ano, um caso da doença já foi confirmado, na capital paulista. A doença é altamente contagiosa, mas pode ser evitada com a vacinação.
A cidade de São Paulo iniciou a campanha de vacinação contra o sarampo e poliomielite no dia 4 de abril. Deverão ser vacinadas as crianças com idade entre seis meses e menores de cinco anos. Também poderão atualizar a situação vacinal profissionais de saúde e nascidos a partir de 1960.
Após a doença ter sido considerada erradicada no Brasil, o país viveu um novo surto em 2019. No estado de São Paulo, 18 pessoas morreram e cerca de 18 mil foram contaminadas.
Durante todo o ano de 2020, foram notificados 883 casos no estado, sendo 354 deles em crianças menores de 9 anos. A única morte registrada também foi nesta faixa etária, segundo a secretaria estadual de saúde. Já em 2021, foram registrados no estado, nove casos da doença e nenhuma morte.
Em Vargem
Em 2019, Vargem Grande do Sul registrou alguns casos de sarampo, quando teve início uma campanha do Ministério da Saúde, que seguiu até 2020.
Na época, o primeiro caso de sarampo confirmado na cidade foi o de um estudante da Escola Técnica Estadual (Etec) Centro Paula Souza de Vargem Grande do Sul, de 18 anos, que teve a suspeita de sarampo confirmada após análise de exames em outubro.
Na ocasião, o Departamento de Saúde informou que o rapaz, morador do Jardim Fortaleza, contraiu a doença de maneira autóctone, ou seja, no próprio município. Isso ocorreu pelo contato com dois professores da escola que contraíram a doença em outra cidade. Após a confirmação dos resultados, foi feito o bloqueio em quem teve contato com o paciente juntamente com a avaliação dos alunos da Etec.
Após, mais um morador teve a suspeita de sarampo confirmada após análise de exames. Tratava-se de uma mulher de 50 anos, que residia da Zona Rural.
Pólio volta a assombrar o mundo
No início de março, as autoridades de saúde de Israel informaram que o país registrou um caso de poliomielite em uma criança de 3 anos, não vacinada contra a doença, sendo o primeiro registro da doença no país em 30 anos. Em fevereiro deste ano, também foram registrados casos de pólio no Maláui, na África, continente que não computava ocorrências da doença havia cinco anos. Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a erradicação da poliomielite na região.
A volta dos casos ao redor do mundo acende um alerta para a possibilidade de novos surtos. Também conhecida como paralisia infantil, a doença é causada pelo polivírus selvagem (PVS), que pode infectar crianças e adultos. Casos graves chegam a gerar paralisia dos membros inferiores.
A única forma de prevenção é a vacinação. No entanto, o cenário de imunização no Brasil é preocupante. Embora o vírus tenha parado de circular pelo país em 1990, dados do Ministério da Saúde, por meio da plataforma Datasus, apontam, entretanto, queda de 31% na cobertura vacinal entre 2015 e 2021.
Anualmente, a meta do Ministério da Saúde nas campanhas de vacinação é atingir 90% do público-alvo. Em 2015, os índices foram positivos: a cobertura vacinal contra pólio foi de 98,29%.
No entanto, ao longo dos anos, a porcentagem sofreu queda. Entre 2016 e 2019, a cobertura ficou entre 84% e 89%. Em 2020, após o início da pandemia de Covid, o índice foi de 76%. Os dados mais recentes mostram que, em 2021, a cobertura chegou apenas a 67,7%. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), se a doença não for erradicada rapidamente, podem ocorrer até 200 mil novos casos a cada ano no mundo, dentro do período de uma década.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o Brasil tem intensificado as ações de imunização e vigilância epidemiológica da poliomielite entre o público-alvo. “A Pasta acompanha o andamento da cobertura vacinal e recomenda aos estados, municípios e Distrito Federal que realizem a busca ativa para vacinação. A divulgação de informações sobre a segurança e a efetividade das vacinas como medida de saúde pública fazem parte de ações realizadas durante todo o ano”, disse.
Prefeitura não
responde
A Gazeta procurou a Prefeitura para saber se há alguma campanha de vacinação contra o sarampo e contra a pólio na cidade, quando foi o último caso de sarampo e o último caso de pólio no município. Foi questionado também sobre como está a cobertura vacinal contra essas doenças no município e o que a prefeitura tem feito para aumentar o percentual de imunização. Até o encerramento desta edição, não obteve resposta.