O vereador Guilherme Contini Nicolau (MDB) fez uso da palavra livre e propôs, durante a sessão na Câmara Municipal do dia 18, que a Prefeitura Municipal compre ou alugue casa nas cidades onde os vargengrandenses fazem tratamento contra o câncer, para que eles não precisem ficar viajando.
Em seu pronunciamento, o vereador deu como exemplo um morador de Vargem que precisa ir para Barretos três vezes na semana para fazer quimioterapia e sofre muito com o tratamento e com as viagens.
Guilherme ressaltou que há muita procura dos moradores neste sentido e que, embora faltem vagas em hospitais oncológicos, há parceiros como o deputado Baleia Rossi (MDB) e a médica Viviane Santana, de Barretos, que têm ajudado nesse sentido.
“Já tivemos casos na minha família, perdi uma pessoa querida. É um tratamento pesado, a família sofre junto com o paciente. Queria pedir ao Amarildo e não sei se juridicamente pode ser feito, mas pedir a compra de uma casa em Jaú ou Barretos para quem está fazendo tratamento. Tem paciente que sofre mais na viagem do que no tratamento, sai debilitado e tem que pegar estrada”, explicou.
O vereador sugeriu colocar terrenos da prefeitura à venda para levantar o dinheiro e procurar uma casa para o paciente, como é feito em outras cidades. “É muito desgastante enfrentar uma viagem dessa em uma cidade de muito calor. Pedir que o prefeito Amarildo olhasse e conseguisse fazer essa casa de apoio. Porto Ferreira tem e Casa Branca também. Tem servidor que faz a manutenção e os próprios pacientes ajudam também a zelar. Acredito que isso ajudaria muito essas pessoas”, ressaltou.
Ele finalizou pontuando que essa ação traria melhoria para os pacientes e até mesmo para a prefeitura, que economizaria com o transporte. Após a sugestão, o vereador Celso Itaroti Cancelieri Cerva (PTB) elogiou a iniciativa do Guilherme e disse que acredita que a prefeitura não possa comprar, mas que talvez possa alugar um imóvel para este fim.
Casa de apoio
À Gazeta de Vargem Grande, o vereador Guilherme comentou sobre a iniciativa da Casa de Apoio à Pessoas com Câncer. “Eu pesquisei sobre na prefeitura de Penápolis que tem essa casa na cidade de Barretos. Atende cerca de 2.500 pessoas por ano. É uma residência com 3 quartos, a prefeitura mobiliou com camas, utensílios domésticos, chuveiro, etc, e mantém as despesas”, explicou.
“Muitos pacientes acabam levando alimentos e deixam lá como doação para outros mais necessitados. A prefeitura quase não tem gastos altos, devido a grande quantidade de doações, tanto de mantimentos quanto financeiro, realizada pela população e até mesmo dos pacientes e familiares que ali utilizam”, completou.
Ele acredita que isso trará um conforto muito grande ao paciente, que passa por um tratamento muito agressivo, que o deixa totalmente debilitado e sem condições de pegar um transporte para retornar à cidade. “Geralmente o paciente sai de Vargem às 4h e fica esperando até a tarde, sem ter um local pra descansar. Outro fato é o acompanhante que também sofre junto, pela demora e pelos cuidados que tem com o paciente”, pontuou.
“Nesses locais, alimentação tem alto valor, um salgado e um refrigerante custa mais de R$ 15,00 ou R$ 20,00. Na casa de apoio, um servidor ou os próprios usuários, podem cozinhar e fazer suas refeições ali, posar, descansar e no dia seguinte, voltar embora sem as terríveis sequelas do tratamento. Outro ponto é a economia que pode trazer a prefeitura com a redução de viagens. Certo que este projeto trará benefícios, conto com a mobilização do prefeito Amarildo para executarmos este projeto”, completou.
Casa Branca oferece esse serviço
O jornal entrou em contato com a Prefeitura de Casa Branca para saber onde mantém a casa de apoio, como funciona o projeto e qual o investimento mensal nestes lugares. Tamires Lopes, secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania e gestora do projeto, informou que a cidade mantém uma casa de apoio em Jaú, que por muitos anos foi a principal referência para oncologia na cidade.
Ela explicou que o município tem um termo de colaboração com uma Organização da Sociedade Civil (OSC), que presta este serviço. A abertura da casa de apoio se deu quando o diretor da Promoção Social entrou e viu que havia muitos pacientes de Casa Branca referenciados em Jaú e decidiu abrir essa casa de apoio na cidade. Na ocasião, conforme informou Tamires, a OSC fez um plano de trabalho explicando como seria o serviço e traçou a prefeitura o termo de colaboração.
A gestora do projeto comentou que a Assistência Social tem um programa de avaliação, onde vê os laudos e verifica se os pacientes fazem tratamento lá. Depois, é liberado para acessarem o serviço, de forma que a equipe tenha um acompanhamento dos pacientes da casa, a fim de saber quem precisa levar acompanhante, por exemplo, uma vez que eles entram no limite de atendimentos.
A avaliação ocorre de seis em seis meses e a equipe da casa de apoio envia quem eles estão atendendo na casa, informando se o paciente teve alta e como está a frequência no serviço.
Ela explicou que a casa é perto do Hospital para facilitar a locomoção e o transporte. A equipe que transporta os pacientes comunica que agendou, por exemplo, três pessoas para Jaú, onde todas vão fazer refeições lá e uma vai posar, assim, eles podem se preparar.
Segundo Tamires, a OSC tem que atender dentro do caso, precisando ter equipe técnica, coordenadora e assistente social para isso. A assistente social, inclusive, também faz o trabalho de fiscalizar, assim como o município, para que os pacientes tenham amparo em Jaú, sendo acompanhados e encaminhados quando necessário.
O local conta com cuidadores no período da manhã e noite, bem como funcionários de serviços gerais que fazem comida e limpam a casa e a coordenadora, que é de Casa Branca, mas vai verificar o serviço frequentemente.
Valores
Ao jornal, ela contou que anteriormente, a Prefeitura de Casa Branca fazia um repasse maior para a casa de apoio em Jaú, porém, como a cidade abriu outras referências de tratamento, os pacientes de Jaú diminuíram. Assim, hoje, são investidos R$ 120 mil anualmente, pois diminuiu o número de pacientes.
Para Tamires, essa fiscalização é muito importante porque ficam sabendo quem realmente está indo e se os dados são verídicos. Por isso, a cidade fez uma portaria, sendo uma equipe de monitoramento e avaliação para fiscalizar os termos, ver se andam de acordo com o referenciado pela tipificação, se a equipe e o espaço correto, pois, se a casa tem capacidade de abrir 20 moradores, por exemplo, o espaço físico tem que estar de acordo.
A gestora comentou que, hoje em dia, cerca de 150 pacientes são referenciados em Jaú. No entanto, a frequência de tratamento de cada um é diferente, pois tem paciente que vai uma vez por ano, paciente que vai uma vez por mês, paciente que vai uma vez por semana e até mesmo paciente que tem alta e vai só para passar por averiguação.
A intenção da cidade é implementar casas de apoio em mais municípios onde a cidade tem referência de oncologia, como Franca, por exemplo. O projeto tem previsão para ser colocado em prática em breve.
Prefeitura de Vargem informa que pacientes preferem viagem
A Gazeta de Vargem Grande contatou a prefeitura para saber quantas pessoas de Vargem fazem tratamento oncológico fora do município e precisam do transporte da prefeitura. Conforme o informado, há 34 pacientes em tratamento em Jaú e 19 pacientes em tratamento em Barretos.
O jornal procurou saber se é viável à prefeitura comprar ou alugar um imóvel para acolher esses pacientes enquanto fazem o tratamento e se a prefeitura estuda alguma atitude nesse sentido. “Não é viável, pois a maioria absoluta dos pacientes prefere ir e voltar para casa, pois o tratamento de oncologia é penoso e a proximidade com a família é importantíssima no tratamento e recuperação do paciente”, disse.
A prefeitura pontuou que alguns pacientes, especialmente no início do tratamento, reclamam que a viagem é longa e desconfortável, sendo que raramente os pacientes optam por permanecer na cidade onde o tratamento ocorre.
Foi informado que, para esses casos, desde que haja solicitação, a Prefeitura Municipal pode liberar recursos para custear a permanência em casas de apoio, pensões ou hotéis na cidade, para tratamento do paciente. “Aliás, dezenas de pacientes do município já se beneficiam atualmente dessa liberação oferecida pela prefeitura”, explicou.