O mês de novembro teve início na última terça-feira, dia 1º, e, desde então, a Campanha Novembro Azul teve início em todo o país. O movimento tem o objetivo de conscientizar, informar e alertar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, o tipo de câncer mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele.
A campanha internacional foi criada em 2003 e o mês de novembro foi escolhido devido ao dia 17 de novembro celebrar o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. Embora seja uma doença muito comum, muitos homens não falam do assunto e nem vão ao médico, seja por medo ou até mesmo falta de informação sobre o tema.
A próstata é uma glândula presente nos homens, localizada na frente do reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra, canal por onde passa a urina. Sua função é produzir um líquido que compõe parte do sêmen, que nutre e protege os espermatozoides.
Procurado pela Gazeta de Vargem Grande, o médico urologista de Vargem Grande do Sul, Paulo Vidale, falou sobre o movimento Novembro Azul. Para ele, o maior desafio sobre a saúde masculina ainda é o próprio homem e lembra da necessidade de seus familiares convencê-lo a se cuidar.
Cuidados com a Saúde
“Quando se fala na saúde do homem, temos de pensar no homem como um todo. Não só doenças da próstata, mas também seu estado de saúde física e emocional. Trata-se de sua pressão arterial, cuidados com o coração, seu sistema vascular, de sua alimentação saudável, ter o sono que o descanse, exercitar-se de forma rotineira, não se alcoolizar e não fumar, pois o fumo é de extremo prejuízo à saúde. São vários fatores que farão a diferença na saúde positiva do homem”, explicou.
O médico pontuou que o fator primordial para que o homem acorde para o seu bem-estar é, no entanto, a propagação da campanha Novembro Azul. “O Novembro Azul é uma onda do bem e, por que não dizer, do bem-estar masculino? Na pandemia, houve uma queda drástica na procura pelo médico por medo acentuado de pegar a doença. Isto já superado nos dias atuais. Hoje, os atendimentos estão normalizados e os homens se sentem seguros e procuram aos cuidados da próstata, dos níveis hormonais e desempenho sexual”, comentou.
Doenças da próstata e como preveni-las
Doutor Paulo ainda falou sobre as doenças da próstata como hipertrofia, que é o aumento da próstata, as prostatites, que são as inflamações e infecções, e o câncer, onde necessitam de rastreamento para sua identificação precoce. “Estudos mostram que 33% dos maiores de 50 anos terão hipertrofia da próstata, enquanto em aproximadamente 47% a 50% acontecerão nos acima dos 60 anos, tendo como consequência as dificuldades progressivas para urinar com piora da qualidade de vida”, disse.
“O câncer da próstata irá atingir 16% da população, sendo um homem em cada sete, com todas as implicações negativas. Dados do IBGE, no Brasil, refere que há mais de 14 milhões de homens com mais de 50 anos, onde 8,5 milhões terão crescimento benigno da próstata, enquanto mais de 2 milhões desenvolverão câncer da próstata se acompanhados até o final da vida”, completou.
O médico relatou que a prostatite atinge de 1% a 2% dos homens. “Já os distúrbios da bexiga acometem de 10% a 15% dos homens mais velhos e os quadros de disfunção sexual em 45%. Outros 50% têm deficiência de hormônios masculinos (hipogonadismo) e Síndrome Metabólica (homens hipertensos, diabéticos, com níveis aumentados de colesterol, triglicérides, obesidades com gordura central elevada como no fígado, por exemplo), principalmente em homens acima de 60 anos de idade.
O médico ressaltou que a campanha Novembro Azul é muito relevante. “Através dela, conseguimos identificar câncer em fase inicial, com grandes chances de cura e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Taí a real contribuição do Novembro Azul. Essa ação não previne, mas sim, ela detecta, e muito, o câncer de próstata precoce”, finalizou.
Dados
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que a cada 9 homens, 1 será diagnosticado com a doença ao longo da vida. O estimado é que a cada 100 mil homens, 62 são diagnosticados com a doença.
De acordo com o Inca, no Brasil, mais de 65 mil homens são diagnosticados com câncer de próstata anualmente e um homem morre a cada 38 minutos devido à doença. Contudo, quando descoberto no estágio inicial, o tumor tem 90% de chance de cura.
Fatores de risco
Entre os fatores que podem aumentar o risco de ter câncer de próstata, conforme o informado, há a idade, já que no Brasil, a cada 10 homens diagnosticados com a doença, nove têm mais de 55 anos.
Outro fator, segundo o Inca, é manter o histórico de câncer na família, onde o pai ou o irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos. Além disso, estudos recentes mostram que o sobrepeso e a obesidade também entram.
Adotar práticas saudáveis, como ter uma alimentação saudável, praticar atividade física, manter o peso corporal adequado, não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, diminui o risco de várias doenças, inclusive o câncer.
Prevenção
Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando apresenta, os mais comuns são a dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Na presença de sinais e sintomas, é recomendado a realização de exames para investigar a doença.
Para investigar o câncer de próstata, há dois exames, sendo o exame de toque retal, onde o médico avalia o tamanho, forma e textura da próstata, e o Antígeno Prostático Específico (PSA), que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata. Contudo, para confirmar a doença caso seja encontrada alguma alteração nos exames, é preciso fazer uma biópsia onde são retirados pedaços pequenos da próstata para serem analisados no laboratório.
Em Vargem
O jornal também contatou a Prefeitura Municipal para saber o que será feito neste mês de novembro para aumentar a conscientização sobre a necessidade de prevenção ao câncer de próstata. Também foi perguntado como é feito o atendimento e o encaminhamento de pacientes com suspeita da doença. No entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.