Hospital deve começar o ano sem diretoria

Durante visita do deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), provedor Jair mostrou algumas obras do hospital. Foto: Arquivo Gazeta

Situação é gravíssima e prefeito Amarildo terá de resolver a questão

Termina neste sábado, dia 31, o mandato da atual diretoria do Hospital de Caridade, cujo provedor é o empresário Jair Gabricho, que deixou claro que não vai mais continuar no cargo, comunicou o fato ao prefeito Amarildo Duzi Moraes, a quem caberá agir para encontrar uma solução, uma vez que sem diretoria, a situação do Hospital torna-se gravíssima, com sérias consequências sobre a saúde da população vargengrandense.
Em entrevista à Gazeta de Vargem Grande, o administrador da entidade Francisco de Assis Mazuco Manoel, que é funcionário de carreira, falou da gravidade da situação. “Dia 1º, sem provedor, Mesa Diretora, e Conselhos, as contas nos bancos ficam bloqueadas, ninguém pode assinar ou falar em nome do Hospital”, explicou.
Falou também que terá de informar a situação ao CEBAS, que emite o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área de Saúde, que apesar de ter validade até 31 de dezembro de 2023, tem de ser informado sobre quem vai responder pelo Hospital, caso contrário pode perder todas as isenções do governo federal, como Cota Patronal do INSS, Imposto de Renda, 50% de desconto na conta de energia elétrica, PIS, dentre outros benefícios que são concedidos ao nosocômio.
“O Hospital tem de ter diretoria, pois temos inúmeros programas e ações que são vinculadas à Secretaria de Saúde, Vigilância Sanitária, Departamento Regional de Saúde (DRS), contratos, projetos, programas que envolvem inúmeros órgãos para poder funcionar e prestar serviços na área de saúde”, falou.
Foi citado por exemplo, que o próximo pagamento dos funcionários do Hospital, acontece no dia 5 de janeiro de 2023 e não tendo diretoria, não tem como pagar, não só os funcionários, como os muitos fornecedores da entidade. “A situação é delicada e muito preocupante, sem diretoria, não teremos a quem nos dirigir na segunda-feira”, afirmou.
Outra preocupação é com relação ao Plano de Saúde do Hospital, de onde provém uma boa receita que ajuda nas contas da entidade. Também a partir do dia 31, o Plano de Saúde fica sem diretoria, uma vez que quem comanda a instituição são os mesmos membros da Mesa Diretora, cujo mandato termina agora no final do ano. Assis explicou que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS), que regula os planos de saúde, dá um prazo de 30 dias para a regulamentação do Plano de Saúde do Hospital com a formação de uma nova diretoria, caso contrário as consequências são gravíssimas.

Provedor já dava sinais

Já há um bom tempo o provedor Jair Gabricho vem comunicando ao prefeito Amarildo que não pretendia mais continuar no cargo. Além das inúmeras dificuldades que o Hospital de Caridade apresenta, sendo o maior deles o não fechamento das contas, com um déficit mensal enorme devido à baixa remuneração do SUS, o empresário também argumentou que deu sua contribuição quando foi necessário e solicitado pelo prefeito e o vice Celso Ribeiro, quando assumiu juntamente com sua diretoria no início de 2021, quando a entidade ficou sem diretoria também.
A Gazeta noticiou o fato no início deste mês, afirmando em matéria publicada no dia 3 de dezembro, que o provedor Jair Gabricho poderia não voltar ao cargo. A reportagem também abordou a publicação do edital convocando todos os associados da entidade para participarem da eleição da nova Mesa Administrativa, que seria realizada no dia 12 de dezembro.
Na edição do dia 10 de dezembro, o jornal estampou manchete na sua primeira página dizendo que “Falta de diretoria no Hospital volta a preocupar” e extensa matéria na página 3, com o título de “Nenhuma chapa se inscreveu para dirigir o Hospital”, com o provedor Jair dando uma longa entrevista à Gazeta. Nela, ele afirmou ao ser indagado se voltaria a ser provedor novamente, que a possibilidade existia e que não estavam fechadas todas as portas. Alegou, porém, o cansaço físico e mental da diretoria e as condições difíceis de administrar a entidade, cujas contas não fecham.
Jair foi provedor por 4 vezes e membro da diretoria do Hospital por vários anos, comentou sobre o esforço que fazia para tocar as empresas que dirige, do Grupo Fuzil e as obrigações junto ao principal órgão responsável pela saúde dos vargengrandenses. No final, deve ter prevalecido o estresse físico e mental de toda sua diretoria em continuar no cargo.
Jair assumiu o atual cargo de provedor ao atender um pedido do prefeito Amarildo e do vice Celso Ribeiro, uma vez que no final de 2020 a diretoria da época não iria mais continuar tocando o Hospital e como agora, nenhuma chapa se apresentou para concorrer as eleições e a entidade iria começar 2021 sem diretoria, correndo o risco de fechar.
A situação foi então comunicada ao prefeito Amarildo e os diretores da época pediam uma solução, inclusive citando o estatuto da entidade que falava em o chefe do Executivo indicar um interventor. Foi então que o prefeito e o vice conversaram com Jair e este montou uma diretoria que ficou do início de 2021, até o dia 31 de dezembro de 2022.

Prefeito pede para que diretoria permaneça

O jornal procurou junto a Assessoria de Comunicação da prefeitura, saber se o prefeito Amarildo iria se manifestar a respeito e foi informado que o chefe do Executivo se reuniu com o provedor Jair Gabricho na semana passada e na ocasião falou sobre a importância da atual Mesa Diretora continuar dirigindo o Hospital e elogiou o trabalho realizado.
Foi falado ao jornal que o prefeito tem procurado contribuir com a administração hospitalar, citando a liberação de R$ 180 mil para pagamento da parcela final do 13º salário dos funcionários da instituição, além de mais R$ 30 mil para outros pagamentos diversos. Nesta reunião pediu para que os diretores ficassem mais alguns meses e estaria aguardando uma resposta final do provedor.
A Gazeta procurou também o provedor Jair, qu afirmou que não dependia só dele, mas também dos outros diretores, que sozinho não tinha como formar uma nova diretoria. Voltou a falar que os seus diretores estão nos limites do cansaço físico e mental, principalmente depois de enfrentar a pandemia e que já cumpriram a missão nestes 2 anos e que não havia chances de recompor uma nova diretoria para tocar o Hospital, mesmo ele querendo.

Dívidas e Obras

Na 4ª página desta edição, o jornal está publicando uma matéria intitulada “Termina a gestão mais transparente da história do Hospital de Caridade”, enviada pela entidade, onde relata o trabalho realizado nestes dois anos pela Mesa Diretora sob a responsabilidade do provedor Jair, dos conselhos Deliberativo, Fiscal e Corpo Clínico. Fala do enfrentamento da Covid, da transparência das contas junto à Internet, da contribuição voluntária de várias pessoas e entidades ao Hospital, cujos serviços prestados impactaram mais de 50 mil pessoas, segundo a matéria
No texto, pode-se ter uma dimensão da importância do Hospital na vida dos vargengrandenses. Somente em 2022 foram 3.399 internações; 25.888 atendimentos no Pronto Socorro; 41.302 procedimentos; 384 nascimentos; 64.306 refeições; 46.704 kg de roupas lavadas e passadas; 387 transfusões; 15.629 exames laboratoriais; 8.079 Raio-X e 1.239 cirurgias eletivas.
Na entrevista que concedeu ao jornal, Jair falou quando sua diretoria assumiu, a dívida era de R$ 4,5 milhões e mesmo enfrentando a Covid, hoje a dívida está em R$ 3 milhões, sendo que R$ 1,2 milhão é dívida com o próprio Plano de Saúde que pertence ao Hospital. O restante, R$ 1,8 milhões, a entidade deve para bancos, médicos e fornecedores diversos.

Obras e o sonho do novo pronto socorro

A administração dinâmica imposta pela atual diretoria que deixa o cargo, foi responsável conforme matéria já publicada, pela regularização de todos os contratos com os prestadores de serviços para o hospital; a criação dos sites do Hospital e do Plano de Saúde, com a criação do site da transparência, onde tudo que é arrecadado e gasto é mostrado ao público, bem como os convênios realizados; projeto do autorizador automático do plano de saúde; reforma da lavanderia; retomada das reformas do setor B e do pronto socorro novo, que estão praticamente prontos; reforma e ampliação da cozinha do hospital, cuja entrega está prevista para dois ou três meses e informatização de todo o hospital, tanto com novas máquinas como softwares, cujo projeto está bem adiantado e a volta da Festa do Chopp do Hospital e do Leilão de Gado.
Um dos principais projetos do provedor Jair e seus diretores que estão deixando o cargo, é com relação à reforma completa do novo pronto socorro, que visa atender aos pacientes do PPA, feito pela prefeitura.
Após a reforma completa do PS, a intenção era trazer todo o atendimento que hoje é feito no PPA para dentro do hospital, numa parceria com a prefeitura, que paga a uma empresa privada para fazer este atendimento. Conforme citou na sua entrevista, Jair acredita que este projeto aumentaria consideravelmente a receita do hospital, que passaria a receber da prefeitura pelos serviços prestados, ajudando a resolver o problema crônico do déficit que a entidade apresenta. Em contrapartida, o provedor disse que iria melhorar e racionalizar o atendimento aos doentes que procuram o PPA.

Agradecimentos

A diretoria do Hospital agradece na matéria, a todas as empresas de Vargem que de qualquer forma contribuíram com a entidade nestes 2 anos, em especial à Associação Setembro, que todos os meses fez doações essenciais e vitais para o funcionamento da entidade, como a compra de oxigênio durante a pandemia.
Também agradeceu ao prefeito Amarildo, ao vice-prefeito Celso Ribeiro e a todos os vereadores da Câmara Municipal pela dedicação em busca de recursos ao Hospital. O provedor Jair também questão de agradecer a todos os funcionários da entidade e também ao seu Corpo Clínico.

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