Mais de 10 tipos de golpes têm causado grandes prejuízos às vítimas
Muitos golpes estão acontecendo em Vargem Grande do Sul, o que tem preocupado os moradores. Em entrevista à Gazeta de Vargem Grande, o delegado Antônio Carlos Pereira Júnior informou que apenas no mês de junho foram registradas 33 ocorrências sobre o crime de estelionato, que seriam golpes, na Delegacia de Polícia de Vargem Grande do Sul.
Segundo o informado, a maioria das ocorrências eram relativas aos golpes do falso investimento (6 ocorrências), venda de objetos ou carros através de redes sociais (4 ocorrências) e falso empréstimo (4 ocorrências). Para o delegado, é possível que em alguns casos seja utilizada a inteligência artificial (IA).
O delegado comentou que o estelionato é um crime de fraude, onde alguém engana outra pessoa para obter vantagem financeira. “Em termos simples, é quando alguém mente, engana ou faz promessas falsas para conseguir dinheiro, bens ou serviços de outra pessoa. Este é um ato ilegal e é punido por lei conforme o artigo 171, do Código Penal Brasileiro”, disse.
“Atualmente, a grande maioria das transações financeiras e as comunicações entre as pessoas ocorrem pela internet e os estelionatários se aproveitam desta situação, pois os golpes são mais fáceis de se aplicar pela internet e os criminosos estão sempre muito distantes”, completou.
Golpes mais comuns
Ao jornal, o delegado explicou que os golpes mais comuns são o do Pix, o da confirmação de dados, o do falso motoboy, do empréstimo/crédito, WhatsApp, do boleto falso, do intermediário (vendas de veículos), da mala e do estrangeiro, do nude e do falso delegado, e o do investimento.
Golpe do Pix
O delegado pontuou que, no golpe do Pix, geralmente a pessoa é convencida a realizar uma transferência para outra conta, por motivos diversos como falso sequestro, envio do comprovante de Pix falso para “devolver” o valor; pedido de empréstimo de supostos conhecidos, promoção de produtos ou serviços falsos, falso investimento, falsas oportunidades de investimentos, mensagens, e-mails e WhatsApp direcionando para links com vírus.
Golpe da confirmação de dados
Conforme o informado, o golpe da confirmação de dados ocorre quando um criminoso entra em contato com a pessoa, seja por ligação ou mensagem, dizendo ser um prestador de serviço de alguma instituição com a qual já tenha algum vínculo.
Durante o contato, eles pedem confirmação dos dados pessoais como CPF, nome dos pais, endereço, data de aniversário, senhas e dados do token de banco físico. Com esses dados, conseguem facilmente abrir ou acessar contas e solicitar empréstimos em seu nome.
Golpe do falso motoboy
No golpe do falso motoboy, o delegado contou que uma pessoa entra em contato com a vítima por telefone e se identifica como funcionário de uma instituição financeira informando que sua conta possui movimentação suspeita e que pode ter sido vítima de fraude.
Em seguida, pede a senha e informa que um motoboy irá buscar o cartão bancário para cancelamento e destruição. Depois acessam a conta da vítima e realizam todas as transações possíveis.
Golpe do empréstimo/crédito
Ao jornal, o delegado explicou que no golpe do empréstimo/crédito, uma pessoa entra em contato com a vítima e se identifica como funcionário de alguma instituição financeira, dizendo que a vítima teve aprovado um empréstimo com condições vantajosas, mas para o recebimento do valor, a vítima deverá primeiro fazer uma transferência para determinada conta como forma de ter aceitado o empréstimo.
Golpe do WhatsApp
O golpe do WhatsApp, segundo o delegado, é um dos mais utilizados pelos estelionatários, quando eles clonam o aparelho celular da vítima por meio de links falsos ou solicitações de autenticação do telefone.
Após a clonagem, eles passam a ter acesso ao WhatsApp da vítima e passam a pedir dinheiro para sua lista de contatos, se passando pela vítima.
Golpe do boleto falso
No golpe do boleto falso, o delegado informou que neste tipo de golpe os estelionatários enviam boletos falsos através de e-mail ou SMS, com os dados da vítima e da empresa conhecida. Mesmo sem reconhecer essa cobrança, a vítima acaba pagando pois seus dados constam no boleto.
Golpe do intermediário (vendas de veículos)
Para cometer o crime, conforme informou o delegado, o estelionatário entra em contato com o vendedor e se mostra interessado pelo veículo. Então, cria um novo anúncio com as mesmas fotos e dados do automóvel escolhido, só que por um valor abaixo da média do mercado, atraindo compradores e justificando o preço com alguma desculpa (como pagamento de uma dívida, mudança, ou qualquer outra).
“É comum que o estelionatário peça para o vendedor retirar o anúncio do ar, dando a certeza de que irá comprá-lo. Assim, ele evita que o vendedor feche negócio com outra pessoa e que os compradores atraídos pelo anúncio clonado vejam o anúncio verdadeiro e levantem suspeitas. Por se tratar de uma compra de alto valor, é comum que o comprador queira ver o carro pessoalmente antes de fechar negócio”, disse.
“Então, o estelionatário marca com ambas as vítimas um dia, local e horário para a vistoria do carro. Para o vendedor, o criminoso diz que o parente (ou funcionário, amigo, etc.) está indo ver o veículo. Para o comprador, diz que o parente (ou funcionário, amigo, etc.) é quem irá mostrar o carro. E ambas as partes são instruídas a não falar de preço ou o motivo da venda entre si”, pontuou.
Após, ele os convence (com alguma mentira) a tratar desses assuntos somente com ele. Daí vem o nome do golpe, pois ele intermedia a negociação. “Com a visita feita, a vítima tem mais confiança de fechar negócio. O estelionatário pede o pagamento em forma de depósito, transferência ou Pix. Normalmente as contas favorecidas são criadas a partir de dados de outras vítimas, dificultando sua identificação diante de uma possível investigação”, comentou.
O delegado ressaltou que o comprador, achando que está pagando pelo veículo, faz o pagamento para o criminoso. “As vítimas só descobrem que caíram no golpe do falso intermediário quando o comprador pede os documentos de transferência do carro ao vendedor e o verdadeiro dono não transfere, pois não recebeu dinheiro algum”, falou.
Golpe da mala/golpe do estrangeiro
Com relação ao golpe da mala ou o golpe do estrangeiro, o delegado pontuou que o estelionatário faz contato com a vítima pelas redes sociais e começa uma amizade ou namoro.
O golpista informa residir fora do Brasil e para que possa vir para o país, enviará as malas (envia inclusive imagem de malas à vítima) e pede para que essa pague taxas para envio das malas que deverão ser recebidas por ela. A vítima, acreditando estar iniciando uma amizade ou namoro, faz transferências ao estelionatário, que desaparece.
Golpe do nude/golpe do falso delegado
De acordo com o delegado, neste golpe a vítima conhece outra pessoa pela internet e começa um relacionamento, onde são enviadas fotos íntimas por ambas as partes.
Em determinado momento, a vítima recebe ligação ou mensagem de pessoa dizendo ser ‘delegado’ e solicitando pagamento de valores para que cubra despesas ou pague indenização aos pais da pessoa com quem a vítima conversava, tendo em vista que se tratava de menor de 18 anos.
O suposto delegado informa que haverá prisão caso não haja o pagamento, tendo em vista tratar-se de crime sexual contra menor de 18 anos.
Golpe do falso investimento
No golpe do falso investimento, o delegado informou que a vítima vê nas redes sociais (mais comum no Instagram ou Facebook) um amigo ou conhecido dizendo que investiu determinado valor e teve lucro significativo logo em seguida.
Ocorre que o amigo/conhecido já teve sua conta hackeada, e sua foto ou vídeo fica sendo usado pelos golpistas para que conhecidos façam transferências via PIX, acreditando estar fazendo investimentos, os quais nunca são devolvidos.
Como evitar ser vítima de um golpe
O delegado deu algumas dicas importantes para que a população evite ser vítima de um golpe. Para ele, antes de realizar qualquer pagamento ou transferência online, é preciso prestar atenção em alguns detalhes.
Entre as recomendações, estão não clicar em links desconhecidos, ativar a configuração em duas etapas para acessar redes sociais, aplicativos e e-mails, criar senhas fortes, evitar sequências de números e datas comemorativas e atualizar as senhas sempre.
Para qualquer pedido de ajuda financeira de conhecidos, ligue para a pessoa, faça uma videochamada e confirme se é um pedido real. Além disso, não salve informações sigilosas no bloco de notas do celular e, ao realizar qualquer transferência, verifique todos os dados da pessoa antes de finalizar. Se o beneficiário for você, não confie somente no comprovante, verifique também o saldo de sua conta.
O delegado ressaltou para nunca fornecer senhas, tokens, códigos de ativação, pois nenhuma instituição financeira pede esses dados e informou que atualizações cadastrais nunca solicitam senha. É recomendado manter o antivírus do computador sempre atualizado, utilizar cartão virtual para compras online e não compartilhar dados sigilosos em canais não oficiais.
Por fim, o delegado pontuou para sempre desconfiar de ofertas e promoções fora do comum, principalmente se for solicitado urgência para fechar o negócio. “Não acredite em negócios milagrosos. Na dúvida, procure sempre pela polícia”, finalizou.