Um ano atípico, com o aumento das temperaturas, fez com que o plantio da safra da batata começasse mais cedo este ano, segundo informou ao jornal Gazeta de Vargem Grande o presidente da Associação dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul, Pedro Marão, afirmando que a safra também terminou mais cedo este ano.
Com relação aos preços, o jornal apurou que no início da safra chegou-se a pagar R$ 180,00 a saca de 25kg, caindo bastante depois no final da safra, ficando a saca entre R$ 80,00 a R$ 85,00, o que também foi considerado um bom preço para o produtor.
Conforme matéria já publicada pelo jornal, a safra teve início em julho e se encerrou logo na primeira quinzena de outubro, demorando um pouco mais para quem plantou batata para a indústria.
Como ressaltou o presidente Pedro Marão, o problema com as sementes utilizadas no plantio foi generalizado na região, devido as altas temperaturas do inverno desse ano. Muita semente deu problema, antes do plantio e na própria terra, segundo o produtor.
No site da Hfbrasil.org.br, em matéria publicada por Giulia Belicuas Lopes, Guilherme Abdalla e João Paulo Bernardes Deleo, onde falam sobre o término da safra de batata de mesa em Vargem Grande do Sul, a alta temperatura é abordada. “A produção foi impactada pelas altas temperaturas, que reduziram a qualidade das sementes (houve maiores casos de podridão), havendo um recuo do plantio, que ficou abaixo do planejado pelos produtores, e um adiamento do pico do cultivo, que passou de abril para maio”.
Segundo a matéria publicada, o calor e a escassez da chuva continuaram a afetar a produção no decorrer da safra. No fim da temporada, o forte calor afetou mais a qualidade da pele da batata do que a produção. “A combinação de condições climáticas desfavoráveis e sementes de menor qualidade resultou em uma produtividade média parcial da safra de Vargem Grande do Sul de apenas 30 t/ha, que, segundo produtores, é 20 a 30% inferior ao potencial produtivo da região”, afirmam.
Para Marão, que também é produtor de batata, não só para os produtores de Vargem Grande do Sul, mas para todas as regiões produtoras de batata na safra de inverno, o resultado da safra foi satisfatório.
Com a temperatura mais amena em agosto, a produtividade atingiu 36 t/ha e segundo os autores do artigo. “Com relação à fitossanidade, apesar da manifestação de pragas como tripes e mosca-minadora durante todo o período, o controle foi efetivo e mesmo com esses desafios, os preços altos da batata nesta safra proporcionaram uma boa rentabilidade ao produtor de Vargem Grande do Sul”.
Questionado a respeito do preço da batata e se houve prejuízo aos produtores pela baixa produtividade, o presidente da ABVGS Pedro Marão afirmou: “A produção foi menor, mas prejuízo acredito que não, talvez em algum momento conseguiram recuperar o investimento”, explicando que na agricultura é um pouco diferente de outras áreas da indústria. “Na maioria das vezes o lucro de uma safra é revertido em investimos na nossa região, o que ajuda e muito a movimentar o comercio local, gerando assim muitos empregos”, concluiu o presidente.
Ainda falando sobre o custo da produção, Marão explicou que hoje varia de R$ 50.000,00 a R$ 60.000,00 por hectares. “Acredito que este ano a média de produção foi abaixo do esperado, de 30 toneladas a 35 toneladas por hectare”, comentou.
Ao ser indagado pelo jornal como a safra da batata 2024 impactou a economia de Vargem Grande do Sul, o presidente da ABVGS ressaltou que estudos do impacto da agricultura na economia dos municípios indicam que a cada um hectare de batata, são utilizadas 2,5 pessoas em média de mão de obra direta e indireta. “Na nossa região cultivamos essa safra em 11.887 hectares, gerando diretamente e indiretamente muitos empregos, o que ajuda em muito na economia”, afirmou.
Com aproximadamente 150 associados, a ABVGS é um dos grandes esteios dos produtores de batata de Vargem e região. Agora que terminou a safra do tubérculo, os produtores já têm garantido para o ano que vem boas perspectivas para a produção de batata inglesa, pois segundo explicou Pedro Marão, a maioria das sementes para safra de 2025 já está armazenada em câmaras frias, praticamente garantindo a próxima safra. Enquanto ela não chega, os produtores da ABVGS vão se dedicar ao plantio da soja, milho, sorgo entre outros produtos agrícolas.
Finalizando, o presidente elogiou a batata, dizendo que é um ótimo alimento, possui muita diversidade culinária, ajudando a alimentar muitas pessoas pelo Brasil, uma vez que é rica em muitos nutrientes, contribuindo para uma população mais saudável. Para melhor compreender sobre a batata, seu plantio e sua riqueza nutricional, as os leitores podem acessar a redes sociais www.abvgs.com.br, onde encontrarão uma boa quantidade de receitas e dicas.
Safra empregou cerca de 2.000 pessoas
Uma das entidades que mais emprega trabalhadores na safra da batata, o Condomínio dos Produtores Rurais de Vargem Grande do Sul, dirigido por Lenoir dos Santos, empregou este ano cerca de 1.000 trabalhadores na lavoura, mas Lenoir acredita que a safra toda deve ter empregado aproximadamente 2.000 pessoas nestes 100 dias de safra.
Esse grande emprego de mão de obra nesta época, faz com que Vargem Grande do Sul seja uma das cidades que mais empregam pessoas na região nesta época, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados-Caged. O município foi o segundo da região que mais criou empregos com carteira assinada no primeiro semestre de 2024, com 1.595 postos de trabalho abertos, dentre os quais, 1.278 foram gerados em julho, perdendo para São José do Rio Pardo com saldo de 2.946.
Para Lenoir, foi uma safra rápida, e todos os trabalhadores contratados, principalmente os que vieram de outros estados, já retornaram às suas terras de origem, a maioria delas, localizada no Nordeste brasileiro. Explicou que na colheita da batata, 40% dos trabalhadores vieram de outros estados e que no trabalho junto às beneficiadoras, cerca de 80% são nordestinos. A média do salário destes trabalhadores, todos registrados, ficou entre R$ 2.500,00 por mês, havendo, porém, alguns catadores de batata que chegaram a tirar até R$ 5.000,00 por mês.